A busca pela verdade

Você sabe me dizer o que a moda, o consumo, o seu carro e a política têm em comum em 2016?

Vou lhes contar uma história.

O ano era 2008 e eu estava em um seminário de prospecção de tendências para moda. Dentre os temas aparecem os termos paz e espiritual com uma mensagem clara à desaceleração da vida e ao encontro consigo mesmo, mas o que mais saltou aos olhos foi o seguinte conceito: busca pela verdade. Por uma vida mais completa, por um sentido, por fazer coisas que tenham significado.

No ano seguinte, assisto a um documentário sobre prospecção de cores que previa tendências para os anos seguintes e novamente lá estava a Verdade. Dentre as conclusões, ressaltam que a busca pela verdade e pela sustentabilidade iria se refletir no uso das cores claras e dentre elas o branco, não só em produtos de consumo rápido ou perecíveis, mas nos bens duráveis.

Saltamos um pouco no tempo, 2013: no Brasil, o que era um movimento contra o aumento da passagem de ônibus no transporte urbano se transforma em muitas cidades em um movimento que busca a clareza e a transparência: na saúde, educação, nos gastos com a copa do mundo, na política.

Chegamos em 2016: um ano de transformações para o país. Crise política e econômica, um impeachment colocado na pauta do dia, popularização de documentários que questionam o hiperconsumo como The True Cost, e metade das pessoas que conheço conversando sobre ecovilas, bioarquitetura, alimentos orgânicos, vegetarianismo, esoterismo, etc.

E finalmente um anúncio patrocinado que vi no facebook da marca 2C2BAGS que ficou reverberando na memória com o seguinte discurso:

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“Não vendemos lifestyle. Não damos a mínima para o que você faz, ouve, veste.   Nossas coisas não vão te fazer ser melhor que ninguém. Alias, se você se acha melhor que alguém, não envergonhe nossa marca. NÃO COMPRE NOSSOS PRODUTOS. Fazemos os melhores produtos que podemos pelo preço justo. Talvez sejam pra você. Talvez não. Mas são só produtos. Coisas pra carregar outras coisas. E nunca tentaremos te cobrar por mais do que isso”.

A busca pela verdade está cada vez mais latente no nosso cotidiano: no seu carro branco que hà 10 anos atrás dificilmente seria desta cor, no espaço gourmet lindamente projetado para que VOCÊ cozinhe para seus amigos a partir de ingredientes frescos, na indignação com a corrupção do país, naquele móvel de madeira que ficou tão caro porque a madeira é de verdade e não um laminado que “imita” uma madeira, na proliferação de movimentos que valorizem a origem das coisas como Fashion Revolution, no crescimento de centros holísticos, escolas com diferentes linhas pedagógicas, cursos que valorizam a intuição ao invés da razão… (ahhhh!!!) enfim…

            Seriam inúmeros os exemplos pra afirmar a mesma coisa: queremos Verdade na nossa vida, nas nossas ações, relações, no nosso consumo, na casa, na família e principalmente: com nosso eu interior.

            Esta busca não é nada recente, mas está muito evidente nos últimos anos e com certeza, trará bons frutos: pessoas com sentimentos reais, que se conhecem, que valorizam o outro, que respeitam seu habitat, que deixam uma mensagem positiva para as gerações futuras.

            Agora se pergunte: você busca a verdade?